sexta-feira, 10 de outubro de 2008

De tão mal pintadas, a penumbra colabora com as feias flores brancas do quadro levado ao chão por sua inutilidade - sua impropriedade. Daqui, a pétala de uma delas parece ser a cabeça erguida de um cão labrador, enquanto outra é uma segunda cabeça do mesmo cão, ambas e todas as outras movimentando-se e latindo. O pântano atrás dos animais combina com a insólita natureza de cada um deles, o que conforta o protagonista na busca por sentido na cena que não compreende. O cão de baixo o lembra da figura de um anjo, pelas asas, mas um anjo desfigurado e desagradável. O que pode ser alívio, sabedor o personagem principal de onde está hoje - do que inaugurou - o mais belo deles. Desvia o olhar para a esquerda e vê quatro cabeças de plantas carnívoras, mas cujos rabos são como do cachorro o primeiro. De boca fechada, o protagonista olha para cima para ver se algum inseto as faria abri-las, e o que vê é nesga de céu azul, vista que também o conforta, até pela banal e óbvia lembrança do fraco poema que o escritor uma vez escreveu.