terça-feira, 26 de junho de 2007

O personagem principal já se lançara na busca de um escritor que escrevera um verso na contracapa de um livro seu. De longe, observa a mulher a escrever não no verso, mas na folha em branco que comumente antecipa os romances. Mal sabe ela do já quase pleno desapego do destinatário por aquelas palavras - sim, é uma dedicatória a sair das mãos e do peito da involuntária antagonista. O escritor, de bem mais perto, verá a incerteza e a boa vontade do protagonista com aquelas linhas. Repudia o banal da declaração, mas sabe reconhecer nos termos da frase mal construída elementos de seu próprio interesse. Ao ler, o personagem principal sentiu-se como uma equação sem raízes na prancheta de um engenheiro mediano. Mais tarde, ainda mais próximo, o escritor dá vazão ao desejo pueril e arranca. Arranca a folha e no verso em branco esboça um também africano relato da busca pela ignorância humana, desaconselhável "vício" e nada "admirável desafio intelectual" – que ela não abandona.