sexta-feira, 27 de julho de 2007

O lusco-fusco já o incomodara mais. Começava a esfriar, o sinal fechou, e reconheceu o carro na queimada luz de freio. A coadjuvante do protagonista assume involuntariamente seu papel, abre o vidro. Mão na nuca, sob o cabelo, o cotovelo se apóia na janela. É frio para o personagem principal. No outro dia saberá que a viu.
Faz bastante tempo da última vez em que nosso personagem principal fez qualquer coisa que se assemelhasse aquilo que ele já se imaginara nascido para fazer. Triste, com uma tristeza quase alheia a esta Sexta-feira da Paixão, busca com desespero olhar para si através daquilo que tem diante das vistas. Pouco se reconhece. Suspira... Inutilmente. A vida lhe parece congelada num instante único de angústia. Enquanto segue sem fazer nada, por pouco não lacrimeja o amargo sorriso de quem sente nos dias o enfado da espera por aquele que será, de fato, derradeiro.