domingo, 24 de junho de 2007

Acena para o imponderável nosso personagem principal. Olha para o céu estrelado como quem sabe o que vê. As mãos não as ergue, mas respira fundo e enche o peito com o ar salgado que os envolve, a ele e à mulher dos ossos agudos. Estivera o protagonista diante de outros mares, molhara os pés numa água que ali já não era mais doce, lá onde o rio desemboca. A ossuda se lembraria desse instante com carinho, caso o vivesse – não estivera lá. Isso fora poucos meses antes. Agora, com a noite de poucas luzes da distância de qualquer urbanidade, sente-se oprimido. Oprimido pela angústia de quase não suportar o amplo quinhão de mundo que o mundo lhe oferece. Mais tarde, muito vai tossir. Um dia pensará sem qualquer pesar que a secura e o vigor daquela tosse sem catarro não vinham apenas de um corpo que se deita e de uma gripe curiosa. Pontuda, mas aflita, quase proibida de se aproximar, a mulher pouco sabe o que fazer – o sexo, aceita. Sofria ele sozinho com o redobrado tossir seco do suor de um pulmão ofegante. Mira as estrelas, uma que lhe parece familiar. Havia se esquecido de como é alto o firmamento. Do outro lado desse mesmo mar que está respirando, o protagonista redescobrira também a amplidão dos caminhos – coisa que não impede o referido firmamento de cobri-los todos. Mesmo que às vezes repita estrelas.