segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Diante do reflexo da própria imagem no sábado em que Cristo ainda está morto para os fiéis - também para os infiéis -, o protagonista sente na pele descoberta a brisa do inverno que se aproxima. Recorda-se do romance, um onde o fotógrafo tanto distorce em espelhos côncavos e convexos suas modelos que as desfigura, e se pergunta por que o aleluia lhe badalando o peito é insuficiente para amenizar a dor do Calvário individual que ele hoje - ao contrário de quando iniciou sua pregação particular - quase teme aceitar. Com a soberba característica, esquece que não tem pregos nos pulsos, nas canelas. E reclama de si para si não ter também a quem questionar das razões de um abandono de antemão conhecido. Triste e só, tem sede; é contínuo o amargo que experimenta nos lábios. A essa idade, aquele que amanhã ressuscita ainda não começara a falar. Apesar de viver com uma former prostituta e saber daquilo que em seguida começaria a cumprir.